O leitor que enviou um protesto contra o título de primeira página “Gays: Lisboa já tem um clube privado de sexo”, abordado na última crónica do provedor, responde a este:
1. Agradeço, desde já, a atenção dispensada ao meu “protesto”. Permita-me, no entanto, o desabafo: julgo que fui incompreendido e o srº provedor foi um pouco exagerado e “duro” (sinto-me triste, incomodado) ao acusar-me, assim, de ânimo leve, de homofóbico - isto perante milhares de leitores que no pretérito dia 8 leram o PÚBLICO. E eu, sem possibilidade de esclarecer, pois não acredito muito que publique esta carta (devê-lo-ía fazer), ficando deste modo penalizado, molestado e em desvantagem pela ultima ratio do srº provedor.
Eu não tenho “atitudes homofóbicas ancoradas em preconceitos segregacionistas - só me faltava mais esta!- à moda do século XIX, ignorando que vivemos no século XXI”.
Viver no século XXI não nos vai trazer a felicidade almejada e não vai resolver as questões “fracturantes”. O século XXI vai, isso sim, trazer-nos enormes problemas a vários níveis. Até nos prazeres dissolutos e desregrados que nós tentamos - numa de bom tom - “incorporar” e interiorizar como “normais”.
2. Quanto ao tema do dia 17 de Maio do PÚBLICO que me impeliu a escrever, dei o exemplo de um jovem que, eventualmente, possa pegar no jornal e ler a notícia escarrapachada com grande notoriedade na primeira página. Já sei, já sei que as crianças têm de estar preparadas para tudo neste ensandecido mundo e ao fim e ao cabo compete aos adultos, de forma pedagógica e construtiva, explicar-lhes “as coisas da vida”, inclusive a tolerância. Mas de tolerância em tolerância podemos desembocar na estupidez e na anomia e converter pessoas racionais e pensantes em títeres acéfalos.
Entendamo-nos srº provedor: a questão primordial do meu comentário à notícia do PÚBLICO de 17 de Maio prende-se, tão-só, com o despropósito, com o sensacionalismo do destaque da notícia (e isso é que devia ser referenciado e não “a minha atitude homofóbica” que nunca tive, tenho e terei. Simplesmente não embarco em simplismos, nem sou “obrigado” a concordar com a visão e relação sexual que os gays cultivam como seja uma relação normal, perfeitamente natural). Aliás, nunca pretendi que a notícia fosse cortada, abafada, censurada, ignorada.
E, ao fim e ao cabo, o srº provedor até acha que o meu “protesto” tem razão de ser na questão do sensacionalismo da notícia. Como se depreende - concordará comigo - das suas palavras do último período do texto do passado dia 8 de Junho... Afinal, neste ponto de vista, deu-me razão e devia assinalar isso inequivocamente na “recomendação" final do provedor. No entanto achou mais interessante apelidar-me de homofóbico.
António Cândido Miguéis
P.S. A dado passo da carta que lhe enviei e que reproduziu no dia 8 de Maio, o srº provedor, com a melhor das intenções, “emendou-me” e escreveu “contranatural”. Ora eu, julgo, não escrevi isso mas sim contra natura. Que também pode ser contra naturam. As três expressões estão correctas.
NOTA DO PROVEDOR. Não foi o provedor que alterou "contra natura" para "contranatural", mas sim a revisão do PÚBLICO.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Reacção de um leitor
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