domingo, 8 de junho de 2008

Nada está escrito

O relato do que se passou num concerto do Rock in Rio Lisboa alerta de novo para os perigos do jornalismo prospectivo

Enorme era a expectativa com o concerto de Amy Winehouse (AW) anunciado para o Rock in Rio Lisboa no passado dia 30 de Maio. Seria, em vários meses, a primeira actuação pública da cantora britânica, conhecida pelas suas extravagâncias pessoais, incluindo o consumo de um substancial cocktail de álcool e drogas que nem sempre lhe permite subir ao palcos ou manter-se neles. Galardoada em Fevereiro com cinco Grammys (prémios internacionais de música), Winehouse era alvo em Lisboa até da curiosidade da imprensa mundial, interessada em verificar se a artista havia ou não superado as suas dependências.

Apesar de a actuação estar prevista para a hora de fecho da edição do PÚBLICO, fizeram bem os seus responsáveis ao darem ainda conta, na primeira página do dia seguinte, da aparição da cantora, com uma fotografia e a respectiva legenda.

AW sempre apareceu – e isso era já notícia –, mas o provedor julga reunir o testemunho mais consensual entre os cerca de 100 mil presentes ao afirmar que em palco não estava uma artista, antes um farrapo humano, incapaz de levar ao público as canções que lhe deram notoriedade.

A legenda, sob o título “Amy Winehouse provoca maior enchente de sempre” e assinada por Vítor Belanciano (VB), era porém, no mínimo, indulgente perante a catástrofe. “Amy Winehouse não desiludiu quem esteve ontem no parque da Bela Vista”, escreveu o jornalista. “Amy apareceu nervosa mas com o look habitual (...). Ao terceiro tema, Me and Mr. Jones, agarrou o público”.

Se havia alguém “agarrado” era a própria cantora, a acreditar aliás no relato difundido no mesmo dia pelo PUBLICO.PT (mas com base na Agência Lusa): “Amy Winehouse (...) pediu desculpa pela fraca voz e admitiu que devia ter cancelado o concerto (...). Ao longo da actuação, a cantora esqueceu-se das letras, improvisou, tentou tocar guitarra, dançou e quase caiu, comeu, bebeu e chorou (...). O público (...) nem sempre reagiu às canções”.

Desde logo, o provedor reparou na discrepância de notícias entre as edições em papel e on-line. Aliás, na cobertura desenvolvida do espectáculo, no PÚBLICO do dia seguinte, VB transmitia já uma impressão algo diferente, concedendo, perante a soma de incidentes ocorridos, que “não foi por isso um bom concerto” – mas por essa altura já a desilusão estava estampada em toda a parte e já a blogosfera criticava a notícia inicial do jornal.

De qualquer modo, o leitor Rodrigo de Almada Martins, que acompanhou o concerto em directo na televisão, escreveu do Porto ao provedor expressando “espanto” e “tristeza” pela primeira notícia: “Apenas um jornalista que nunca tenha ouvido uma actuação (ou mesmo um CD) de AW poderá escrever que ‘Amy não desiludiu (...)’. Totalmente mentira. AW desiludiu e muito todos os seus fãs. (...) Nem respeitou grande parte das letras das canções e muitas vezes ficava prostrada em frente do microfone sem emitir qualquer som. Aquela não é a voz nem a postura de AW, ou pelo menos da AW que ficou conhecida pela sua excelente voz e pelos seus concertos fantásticos. (…) Será que o jornalista confunde os sintomas de nervosismo com os efeitos que a ingestão prolongada de álcool ou de drogas provoca nas pessoas?O jornalista optou por omitir a queda de AW em palco; optou por não referir o facto de a britânica ter pegado numa guitarra e ter começado a tocar quando a guitarra nem sequer estava ligada aos amplificadores; não referiu o facto de toda a sua banda estar notoriamente preocupada com o estado da cantora e desejosa de que tudo aquilo terminasse rápido; não referiu que AW afirmou em pleno palco que deveria ter cancelado o concerto porque não tinha voz; não referiu que a cantora começou a chorar a meio do concerto (…); não referiu os seus cortes nos braços e no pescoço; não mencionou os seus constantes tiques... (…) Aquilo que aconteceu, na realidade, foi um péssimo concerto, onde AW não mostrou nenhuma das suas potencialidades como cantora e entertainer e onde demonstrou total falta de respeito e de profissionalismo (porque é isto que está em causa para quem paga 50 euros de entrada) por aqueles que se deslocaram ao Parque da Bela Vista”.

As justificações de VB, por solicitação do provedor:

“Admito que alguns leitores possam ter ficado confusos quanto à possível discrepância na caracterização da atmosfera do concerto entre a fotolegenda de sábado [31 de Maio] e o texto saído no domingo.

Passo a explicar: no sábado, estava combinada uma fotolegenda na primeira página se o concerto ocorresse (…). Os objectivos eram constatar se [AW] viria ou não, dar conta do início do concerto e reportar o que era óbvio naquele dia, que uma multidão se havia deslocado para a ver. Uma abordagem alargada, de teor mais analítico, seria feita no dia seguinte.

Sábado, estava no local, no meio das 100 mil pessoas, numa zona lateral, um pouco mais resguardada, onde fosse possível ouvir o telefone em condições, quando o editor de fecho efectuasse a chamada combinada a partir do jornal, para reportar se a cantora sempre actuava ou não. Quando a ligação foi efectuada, disse que, apesar da espera, [AW] tinha aparecido e, nesse sentido, não havia desiludido o mar de gente que havia aguardado.

O ambiente, ao longo do concerto, mas com incidência no início, foi muito confuso. Verbalizei o que via: em palco AW parecia nervosa, com problemas com o microfone, e, na assistência, as reacções eram contraditórias, do apupo ao aplauso. Aclamação foi o que existiu ao terceiro tema, com parte significativa do público a incitar a cantora”.

Ainda acerca deste terceiro tema, o provedor inquiriu VB sobre uma crítica surgida num blogue segunda a qual, ao contrário do que escreveu o repórter, não se trataria de Me and Mr. Jones (como estaria previsto no programa). VB reconhece-o, sem adiantar qualquer explicação para a troca: “Está, de facto, errado: não foi Me & Mr. Jones, mas sim Tears dry on their own”. E, quanto às aclamações do público, Rodrigo de Almada Martins adianta que se trataria de “uma clara tentativa de fazer com que a cantora ‘acordasse’ do estado depressivo em que notoriamente se encontrava”.

VB conclui:

“Sobre outras considerações, a minha visão sobre o que aconteceu está exposta no artigo de domingo, onde tento ter uma perspectiva ampla sobre o sucedido, sem me cingir a classificações redutoras. (…) Foi um evento – muito mais do que um concerto foi um acontecimento sociológico – que despoletou paixões e que começou a ser lido, antecipadamente, segundo as convicções mais íntimas de cada um, [que] decifrou o que aconteceu à sua maneira. A partir de determinada altura todos os gestos – simbólicos ou reais – passaram a ser alvo de leituras simplificadoras. (…) Na assistência perceberam-se emoções contraditórias, na forma como cada um se relacionou com alguém que já não é apenas uma cantora, mas uma celebridade, que aguardavam com imensa expectativa”.

Nada disto obsta à evidência de que AW defraudou essa expectativa, com uma fracassada tentativa de criar pelo menos um arremedo de actuação musical. Admite-se que, nas condições e no horário em que a notícia foi produzida, VB não pudesse transmitir uma ideia global do espectáculo, duvidando-se sequer, pelo exposto, que tenha deixado concluir o tal terceiro tema antes de enviar as suas informações. Mas os indícios recolhidos não permitiam sugerir que o concerto seria um êxito.

A realidade é imprevisível, e esse é um dos motivos que dão fascínio ao jornalismo. “Nada está escrito [por antecipação]”, dizia Lawrence da Arábia no filme homónimo, após atravessar um deserto em condições que lhe garantiam serem impossíveis para o ser humano. Agora foi ao contrário: apesar de possuir as condições, AW não conseguiu a travessia.

Recomendação do provedor. Tal como quando o PÚBLICO noticiou erradamente a vitória de Hugo Chávez no referendo venezuelano de Dezembro último, volta-se a prevenir para os perigos do jornalismo prospectivo: quando se acerta, ganhou-se a lotaria, mas, quando se falha, é um desastre que arrasta a credibilidade do órgão de informação.


CAIXA:

O lugar do sexo gay

Escreve de Vila Real, António Cândido Miguéis, “como leitor indefectível do PÚBLICO, seguramente o melhor jornal diário português”, acerca do título “Gays: Lisboa já tem um clube privado de sexo”, inserido na primeira página de 17 de Maio:

“Não seria de elementar bom senso – parece que vai rareando – remeter para outra parte do jornal, de forma mais discreta, este título? A esmagadora maioria da população (e dos leitores do PÚBLICO) é, felizmente, heterossexual e não estará disposta a ser ‘agredida’ com esta notícia, que dirá mais respeito aos gays e seus eventuais seguidores e admiradores. Sendo esta orientação sexual atípica, anormal e contra-natura, quer se queira quer não (isto, sem pretender ofender ou estigmatizar quem quer que seja, é uma realidade), porque é que o PÚBLICO lhe deu todo este destaque? Sensacionalismo, exibicionismo, voyeurismo, pretensão de impor a uma clara maioria condutas insalubres de uma minoria que, de facto, tem todo o direito a notícias sobre sexo como muito bem entenda desde que não exiba (e se exiba) essas notícias de forma ridícula e desmesurada?

É bonito uma criança ou um jovem (em crescimento, em maturação biológica, corporal e psíquica) pegar no PÚBLICO e deparar com esta escatológica notícia, verdadeiramente edificante?”

Pensava o provedor, que há anos lê na imprensa relatos sobre clubes de sexo gay em Lisboa, que o leitor iria criticar o título por ser uma não-notícia. Fá-lo afinal numa atitude homofóbica, ancorada em preconceitos segregacionistas à moda do século XIX, ignorando vivermos no século XXI. O que retira todo o fundamento a um protesto que até teria razão de ser na questão do sensacionalismo.

Publicada em 8 de Junho de 2008

DOCUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR.

Carta do leitor Rodrigo de Almada Martins:

Venho por este meio expressar o meu espanto e a minha tristeza pela capa do PÚBLICO no dia 31 de Maio de 2008, sábado. Falo mais concretamente do texto (e da foto que o acompanha) sobre a actuação da cantora britânica Amy Winehouse no festival Rock In Rio.

Sendo eu fã da música e da voz desta cantora, sentei-me em frente ao televisor para ver o concerto em directo pela SIC Radical, já que não está nos meus horizontes gastar cerca de 50€ (mais gasolina, portagens, alimentação, etc. - o que provavelmente faria a deslocação a Lisboa, ao Parque da Bela Vista, chegar até cerca de 100€) para assistir ao festival de música mais comercial de sempre em Portugal, travestido de festival amigo do ambiente e protector da paz no mundo.

Mas não é o festival em si que me faz escrever estas linhas.

1 - A verdade é que apenas um jornalista que nunca tenha ouvido uma actuação (ou mesmo um CD) de Amy Winehouse poderá escrever que "Amy não desiludiu quem ontem esteve no parque da Bela Vista". Totalmente mentira. Amy desiludiu e muito todos os seus fãs. Estava completamente sem voz, sob influência de álcool (supomos) e sem a mínima vontade de actuar. O que ainda valeu foi o grande profissionalismo de toda a sua banda, que tudo fez para que não se notasse o triste estado da cantora. Mas a verdade é que Amy nem respeitou grande parte das letras das canções e muitas vezes ficava prostrada em frente do microfone sem emitir qualquer som. Aquela não é a voz nem a postura de Amy Winehouse ou pelo menos da Amy Winehouse que ficou conhecida pela sua excelente voz e pelos seus concertos fantásticos (basta assitir a um DVD que está no mercado Amy Winehouse: I told you I was trouble, para verificar isto mesmo).

2 - Além disso, o jornalista decidiu ser benevolente ao dizer que "Amy apareceu nervosa mas com o look habitual: penteado e vestido muito anos 60". Nervosa? Será que o jornalista confunde os sintomas de nervosismo com os efeitos que a ingestão prolongada de álcool ou de drogas provoca nas pessoas? O jornalista optou por omitir a queda de Amy em palco; optou por não referir o facto de a britânica ter pegado numa guitarra e ter começado a tocar quando a guitarra nem sequer estava ligada aos amplificadores; não referiu o facto de toda a sua banda estar notoriamente preocupada com o estado da cantora e desejosa de que tudo aquilo terminasse rápido; não referiu que Amy afirmou em pleno palco que deveria ter cancelado o concerto porque não tinha voz; não referiu que a cantora começou a chorar a meio do concerto ao falar sobre o seu marido que está detido; não referiu os cortes da cantora nos braços e no pescoço; não mencionou os seus constantes tiques...

3 - Mas o jornalista diz mais: "Ao terceiro tema, Me and Mr. Jones, agarrou o público". Agarrou o público? Antes de mais, temos que verificar que aquele público esteve sempre agarrado. Tirando aqui e ali alguns assobios, a maioria das 100 mil pessoas que lá se deslocaram aplaudiram Amy Winehouse numa clara tentativa de fazer com que a cantora "acordasse" do estado depressivo em que notoriamente se encontrava. É impossível que o público tenha gostado de um concerto que começou com meia hora de atraso e que não durou sequer uma hora, o que para quem paga 50€ deve ser importante.

Para fazer prova do que digo, coloco aqui três vídeos do YouTube acerca do triste concerto de Amy Winehouse no Rock In Rio 2008: nº 1, nº2 e nº 3.

Que as televisões e os patrocinadores, que apostam forte neste tipo de eventos, optem pelo discurso vergonhoso (não escondendo o sorriso amarelo) do tipo "não podemos dizer que é o concerto das nossas vidas, mas também não saímos defraudados. É o estilo dela, faz parte..! Era pior se ela não tivesse vindo, mas afinal veio... e cantou, as pessoas gostaram, foi a maior enchente de sempre num concerto em Portugal... a Amy arrasta multidões sem dúvida", compreende-se, pois estamos a falar de altas quantias monetárias envolvidas.

Mas o caso muda de figura quando é o próprio PÚBLICO (um jornal de referência nacional e que deve analisar os eventos que acontecem em Portugal com o máximo de isenção possível) a noticiar em plena capa que Amy não defraudou as expectativas e que ao terceiro tema agarrou o público, acompanhando com uma foto de dimensões consideráveis. Quando aquilo que aconteceu, na realidade, foi um péssimo concerto, onde Amy não mostrou nenhuma das suas potencialidades como cantora e entertainer e onde demonstrou uma total falta de respeito e de profissionalismo (porque é isto que está em causa para quem paga 50€) por aqueles que se deslocaram ao Parque da Bela Vista.

Suspeito, claro está, que o artigo foi escrito à pressa para aparecer na capa do jornal, pois com certeza o concerto acabou já depois do fecho da edição de sábado. E, talvez por isso, o jornalista não pôde ficar com uma visão geral e abrangente do triste espectáculo protagonizado por Amy Winehouse no Rock In Rio. Mas a verdade é que a capa é enganadora e nada representativa daquilo que se passou no palco, onde Amy deu a impressão de estar completamente "perdida" e sem a mínima vontade de actuar. E isso num jornal como o PÚBLICO não se deve admitir.

Rodrigo de Almada Martins, Porto

Explicações do jornalista Vítor Belanciano:

Admito que alguns leitores possam ter ficado confusos quanto à possível discrepância na caracterização da atmosfera do concerto entre a fotolegenda de sábado e o texto saído no domingo.

Passo a explicar: no sábado, estava combinada uma fotolegenda na primeira página se o concerto ocorresse. Recordo que havia dúvidas que viesse a efectuar-se. Escrevi sobre o assunto no suplemento P2 de sexta-feira.

Os objectivos eram constatar se viria ou não, dar conta do início do concerto e reportar o que era óbvio naquele dia, que uma multidão se havia deslocado para a ver. Uma abordagem alargada, de teor mais analítico, seria feita no dia seguinte.

Sábado, estava no local, no meio das 100 mil pessoas, numa zona lateral, um pouco mais resguardada, onde fosse possível ouvir o telefone em condições, quando o editor de fecho efectuasse a chamada combinada a partir do jornal, para reportar se a cantora sempre actuava ou não.

Quando a ligação foi efectuada disse que, apesar da espera, tinha aparecido e, nesse sentido, não havia desiludido o mar de gente que havia aguardado.

O ambiente, ao longo do concerto, mas com incidência no início, foi muito confuso. Verbalizei o que via: em palco Winehouse parecia nervosa, com problemas com o microfone, e, na assistência, as reacções eram contraditórias, do apupo ao aplauso. Aclamação foi o que existiu ao terceiro tema, com parte significativa do público a incitar a cantora.

Sobre outras considerações, a minha visão sobre o que aconteceu está exposta no artigo de domingo, onde tento ter uma perspectiva ampla sobre o sucedido, sem me cingir a classificações redutoras.

Como expus no texto de domingo, foi um evento – muito mais do que um concerto foi um acontecimento sociológico – que despoletou paixões e que começou a ser lido, antecipadamente, segundo as convicções mais íntimas de cada um.

No local, e obviamente de forma ampliada a partir da proximidade da TV, cada um decifrou o que aconteceu à sua maneira. A partir de determinada altura, todos os gestos – simbólicos ou reais – passaram a ser alvo de leituras simplificadoras.

A minha visão está exposta no texto: o que se passou em palco não gerou um bom concerto. Na assistência perceberam-se emoções contraditórias, na forma como cada um se relacionou com alguém que já não é apenas uma cantora, mas uma celebridade, que aguardavam com imensa expectativa.

Quanto ao terceiro tema do concerto ele está, de facto, errado: não foi Me & Mr Jones, mas sim Tears dry on their own.

Vítor Belanciano

Carta do leitor António Cândido Miguéis:

Como leitor indefectível do PÚBLICO, seguramente o melhor jornal diário português, dirijo-me ao senhor provedor para lhe manifestar o meu desagrado e estupefacção pela sua primeira página do passado dia 17 de Maio (no melhor pano cai a nódoa...).

Na parte superior do jornal, junto ao P vermelho, deparei com um título inusitado: ”Gays: Lisboa já tem um clube privado de sexo”. Eu pergunto: porquê todo este realce, verdadeiramente despropositado, na primeira página do PÚBLICO? Não seria de elementar bom senso - parece que vai rareando - remeter para outra parte do jornal (P2), de forma mais discreta, este título e texto respectivo? A esmagadora maioria da população (e dos leitores do PÚBLICO) é, felizmente, heterossexual e não estará disposta a ser “agredida” com esta notícia que dirá mais respeito aos gays e aos seus eventuais seguidores e admiradores. Sendo esta orientação sexual atípica, anormal e contra-natura, quer se queira quer não (isto, sem pretender ofender ou estigmatizar quem quer que seja, é uma realidade), porque é que o PÚBLICO lhe deu todo este destaque? Sensacionalismo, exibicionismo, voyeurismo, pretensão de impor a uma clara maioria condutas insalubres de uma minoria que, de facto, tem todo o direito a notícias sobre sexo como muito bem entenda desde que não exiba (e se exiba) essas notícias de forma ridícula e desmesurada?

É bonito uma criança ou um jovem (em crescimento, em maturação biológica, corporal e psíquica) pegar no PÚBLICO e deparar com esta escatológica notícia, verdadeiramente edificante?

O que é que o senhor director do PÚBLICO, pessoa judiciosa que eu prezo e admiro - procuro estar sempre atento aos seus editoriais e intervenção nos media, pese embora não concorde com alguns deles, de forma parcial ou totalmente -, tem a dizer sobre isto? Gostaria de ouvir as suas explicações.

Provavelmente no PÚBLICO - como noutros lugares e noutros empregos - existirão algumas pessoas que enveredam por estas orientações sexuais (gays e lésbicas), mas isso será justificativo para o PÚBLICO hiper-realçar na primeira página: “Gays, Lisboa já tem um clube privado de sexo”?

Que me interessa a mim (e seguramente a muitas pessoas) este tipo de notícias? Não existirão revistas da especialidade que dão conta destes “acontecimentos”?

Por estas e por outras é que o artigo de José Pacheco Pereira no PÚBLICO desse mesmo dia, “A cultura da irrelevância está a crescer exponencialmente”, vem mesmo a propósito... Enquanto isso, Sodoma e Gomorra e os políticos vão-se enchendo...

António Cândido Miguéis, Vila Real

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pela excelente resposta ao leitor ACM.