segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Leitor descontente

A trapalhada sobre as declarações do primeiro-ministro mancha José Manuel Fernandes e principalmente o Provedor, porque foi leviano e pouco sério. Deu cobertura á desenfreada campanha do jornalismo de causa contra José Sócrates e fez pior, com a imagem do padrinho. Hoje é este o alvo, amanhã, quem sabe? Por isso o PÚBLICO deixou de ser o que era. Até voltar não receberão nem mais um tostão deste leitor da primeira hora. Não comprarei o jornal até deixar de sujar as mãos.

Amilcar Gomes da Silva

NOTA DO PROVEDOR: O provedor já admitiu o erro, mas continua a entender, de acordo com os elementos de que dispõe, que a pressão de Sócrates sobre o jornal não foi legítima, conforme afirmou na última crónica.

ACTUALIZAÇÃO:

Réplica do leitor

Pior a emenda, que o soneto. Então para si o importante é a sua convicção de que Sócrates fez pressão ilegítima sobre o jornal? Mas e os factos? O próprio "pressionado" emenda a mão, corrigindo a frase que não existiu, mas deixou correu o marfim desse equívoco, porque se ajustava na sua estratégia de queimar em lume brando. O telefonema foi de JMF para o PM e então é este que o quer pressionar? A honestidade e o rigor são para os outros. Director de jornal está acima e Provedor também. Na honorabilidade de JMF já ninguém acredita, agora não havia razão para destruir a sua.

Deixo de comprar o jornal, porque no meu conceito de liberdade de imprensa os leitores têm direitos e esse é o último a ser usado, quando um jornal deixa de ser sério, de ser uma referência noticiosa e opinativa e passa a ser de uma causa sectária e até persecutória. Nem o Avante! foi tão longe. Mas deixemos a vida correr e mais cedo que tarde vamos ver quem ganha, se a causa se os leitores.

Amilcar Gomes da Silva

Explicação do provedor:

Ao contrário do que afirma o leitor, o telefonema foi do primeiro-ministro para JMF (embora sugerido por JMF, «insistentemente» segundo o PM). De notar que há muito JMF pretendia falar com José Sócrates, mas nunca tinha tido resposta.

Quanto ao conteúdo da conversa, sabemos que o PM não insinuou uma degradação da sua relação com o accionista do PÚBLICO Paulo Azevedo, mas não desmente que nesse mesmo contacto telefónico tenha invocado o seu bom relacionamento com ele, ponto que JMF continua a manter.

A Constituição da República Portuguesa estabelece que "o Estado assegura a liberdade de imprensa e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico" (Art. 38º, 4.). Se um alto agente do Estado invoca o seu relacionamento com um accionista de um jornal (embora não saibamos com que intenção), podemos considerar estar-se perante uma pressão ilegítima, à luz da Constituição. Pelo menos, essa dúvida persiste.

1 comentário:

Aspirina B disse...

Gostava que o Provedor revelasse a informação que possui para considerar duvidosa - logo, merecedora de dúvida - a referência ao accionista. Como é óbvio, não basta essa referência, é necessário o seu contexto, sob pena da expressão da dúvida ser um acto difamatório.

Com os melhores cumprimentos,
Valupi