O senhor António Cunha Vaz está de parabéns. Conseguiu ocupar quase 90 por cento da primeira página do PÚBLICO [28 de Abril], o meu jornal diário. Mais: conseguiu-o com o sugestivo titulo "Quem é este homem?" Mais: conseguiu-o numa foto intimista e de profunda proximidade. Está de parabéns o senhor António Cunha Vaz. Fiquei então a saber, por extensa entrevista, ser este senhor, entre inúmeros afazeres, o mais sério candidato a “rei” do marketing político português. É bom no que faz. Ganhou. Ganhou aos jornalistas de referência. Ganhou notoriedade, pois tomou a primeira página do meu jornal diário, isto é, aquela que me habituei a ler com maior zelo e disciplina, claro está. E note-se a foto, a legenda, a entrevista até têm sentido numa revista, por exemplo a PÚBLICA, que nos dispomos a ler de forma distinta, com maior felxibilidade e menor atenção, quer queiram quer não os senhores jornalistas (pois quanto ao senhor Vaz, não sabe ele outra coisa...). O relevante é que o senhor Vaz apesar de se destacar pelas suas inúmeras funções não é o centro de um qualquer facto político actual de verdadeiro interesse para o leitor de um jornal informativo diário. Pergunto-me se esta página é ou não reveladora de algum servilismo do meu jornal diário. É que os jornalistas que o dirigem parecem mesmo ter-se “curvado”, “ cedido”, “deixado tomar”, seja lá o que queiramos dizer com isto, pelo marketing do senhor António Cunha Vaz. Que o serviram (agora sem aspas), serviram (se não eu nem sabia quem este senhor era).
Júlia Leitão de Barros
NOTA DO PROVEDOR. O provedor entende que, independentemente do destaque que lhe foi dado, a entrevista enquadra-se no estatuto editorial do PÚBLICO e teve interesse jornalístico, como se pode verificar pelas reacções que suscitou.
sábado, 19 de julho de 2008
Parabéns a Cunha Vaz
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1 comentário:
«O provedor entende que, independentemente do destaque que lhe foi dado, a entrevista enquadra-se no estatuto editorial do PÚBLICO e teve interesse jornalístico, como se pode verificar pelas reacções que suscitou»
Dar a explicação do interesse jornalítico usando as reacções geradas é o mesmo que afirmar que as galinhas põem ovos para nós os comermos. Quais seriam as reacções geradas, pergunto, se o Público fizesse a sua primeira página, num destes dias, de forma semelhante ao "Crime", à "Caras" ou se colocasse uma fotografia retratando sexo explícito? Isto sem qualquer enquadramento? Obviamente que poderia não estar no estatuto editorial, mas a julgar pelas mais que previsíveis críticas (de interesse, certamente), não seria de estranahr que se pudesse dizer ter "interesse jornalístico". Uma outra forma de dizer "lucro", aparentemente.
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