Li no passado fim-de-semana, e lamento não poder situar melhor o que li porque me "subtraíram" o exemplar do PÚBLICO que eu gostaria de citar, que "o" vacatio legis demasiado curto (ao contrário do que acontecia no passado ) é obstáculo à correcta aplicação das leis de recente elaboração ou alteração.
Não desejando entrar na polémica jurídica (para a qual não me sinto preparado), gostaria de me fixar no uso do masculino "o" para reger a expressão latina "vacatio legis". Curto e directo, acho que devia ser "a" e não "o", porque "vacatio" é um substantivo feminino. E não me venham com as desculpas à Rodrigues Lapa (inveterado poético desculpador...) de que o artigo masculino não rege a "vacatio" que lá está mas sim um qualquer conceito expresso num masculino que teremos de adivinhar...
É uma pena que o Houaiss não acompanhe o registo da expressão latina "vacatio legis" (vol. XVI, p. 8059) das iniciais s.f. que dedica a todos os substantivos femininos. Uma simples incursão no clássico dicionário de latim do Torrinha (grande mestre...) tiraria todas as dúvidas. E bons tempos eram esses, quando os candidatos a juristas aprendiam uns rudimentozitos de latim no 6º e no 7º anos do liceu. Ao menos, quando chegavam a Coimbra, já não ficavam de cara à banda perante o "cum grano salis" com que os mestres os mimoseavam...
José Maria M. P. Rocha (24 de Março de 2009)
Gostaria de referir o excelente artigo de Desidério Murcho, intitulado "Pensar outra vez", dedicado ao "nacionalismo" de Fernando Pessoa, expresso na afirmação tão citada "Minha Pátria é a lingua portuguesa". E gostaria de assinalar a seguinte construção usada pelo jornalista: "...com o mesmo horror ao português mal escrito que um patriota à invasão..." (PÚBLICO, 24 de Março de 2009, P2, p. 3).
Como se fica com a impressão de aquele "que" estar um pouco "desapoiado", eu gostaria de perguntar ao senhor jornalista se concorda que teria sido melhor português escrever "de" em vez de "que", assim: "o mesmo horror... de um patriota... ". Assim se dispensava a redundância de uma construção "correcta" que seria "com o mesmo horror... com que um patriota reagiria à invasão do...". Horrível, claro, mas correctíssimo...
É verdade que o português, às vezes, é muito difícil. E então, quando o queremos tornar mais simples...
José Maria M. P. Rocha (25 de Março)
Ando há "um ror de tempo" para escrever sobre este assunto, e hoje deparou-se-me a oportunidade que reputei de ideal, embora pudesse haver melhor, claro... Afinal, qual será melhor português? "...nos últimos três anos" (PÚBLICO, 30 de Março de 2009, p. 32, col. 4) ou "...nos dois primeiros lugares" (id., id., p. 23, col. 1). Há sociedades europeias que exigem que os seus alunos aprendam a diferença entre "os dois primeiros" e "os primeiros dois", ou "os últimos três" e "os três últimos".
José Maria M. P. Rocha (30 de Março)
1. Terça-feira, 31 de Março, PÚBLICO, P2, p. 2, col. 4 - Por que motivo é que o "i" de "judaizaram" recebeu acento agudo? aquele "i" não é a sílaba tónica...
2. Quarta-feira, 1 de Abril, PÚBLICO, p. 1, col. 4 - O Eurojust está "sedeado" em Haia (há quem prefira "na Haia")? Não seria melhor "sediado"? Vd. "Houaiss", tomo XVI, p. 7241 "sedear" (limpar com escova de seda...) e p. 7243 "sediado" (com sede, (em algum lugar)).
3. Quinta-feira, 2 de Abril, PÚBLICO, p. 4, col. 1 - "Um iPod, sua Majestade" - que está ali aquele "sua" a fazer? É para traduzir o mais que provável "Your Majesty!" ( com "!") que o presidente Obama terá usado ao falar com a rainha Isabel II? Em português devia estar "Majestade!", com "!" e sem "sua", que é grossa asneira.
José Maria M. P. Rocha (2 de Abril)
1. Verifiquei, com agrado, que a minha observação sobre a diferença entre "os dois primeiros" e "os primeiros dois" estava, aparentemente, a produzir efeito, não fosse o deslize do redactor Escobar de Lima (PÚBLICO, 30 de Março, p. 23, col. 1): "...uma equipa conseguiu colocar dois pilotos nos dois primeiros lugares." Milagres acontecem...
2. Gostaria de insistir no anómalo "o mesmo do que", com que a redactora Ana Dias Cordeiro (PÚBLICO, 4 de Abril, P2, p. 11, col. 1), talvez por andar lá nas maravilhosas lonjuras das Comores, nos mimoseou. Citando: "Agora, os habitantes querem ter os mesmos benefícios do que qualquer outro cidadão francês,..." Então eles não querem ter "os mesmos benefícios que (tem) qualquer outro ..."
3. Se ainda estiverem com disposição para me aturarem, gostaria de perguntar por que motivo o PÚBLICO aderiu à nova fórmula de indicar os resultados no futebol. Então, quando uma equipa ganha em casa é por 1-0 e quando ganha fora é por 0-1? Repito que esta anómala forma de indicar os resultados "ganhadores" (ganhar por 0-1...) não é exclusiva do PÚBLICO, mas gostaria de saber se em A Bola de há 40 anos se falava assim de qualquer clube. Quando se ganhava era sempre por 1-0 e nunca por 0-1. Por 0-1 perde-se, ou não será assim? (Atenção, este resultado de 0-1/1-0 é irrelevante. Pode ser 1-2/2-1 ou qualquer outro diferente de empate.)
4. A terminar: ainda acerca do "Majestade/Sua Majestade", etc., gostaria de chamar a atenção dos senhores redactores do PÚBLICO para o programa "Diga lá, Excelência" (e nunca, que nunca foi, "Sua Excelência"), umas vezes com a vírgula no sítio certo, outras vezes nem por isso... E, claro, (e que pena...) sem o "!" que deve acompanhar os vocativos. Os redactores do PÚBLICO deviam ler o PÚBLICO... e escrever "Diga lá, Excelência!"
José Maria M. P. Rocha (8 de Abril)
Não, não lhe venho falar do recente qui pro quo de as más notas em exames de matemática terem sido atribuídas à influência negativa dos jornais, televisões, professores, etc.
Queria só perguntar o que é que está a fazer a palavra "mil" na expressão "...até ao valor de 44.800 mil euros...", na notícia referente à legalização do Oceanário do Porto (PÚBLICO, 16 de Julho, p. 28 , Local).
Assim, os estudantes aprendem asneira...
José Maria M. P. Rocha (16 de Julho)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Um leitor atento
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