Mais uma vez o PÚBLICO, um dos poucos jornais portugueses com conteúdos científicos, insiste em escrever erradamen-
te a fórmula química do composto dióxido de carbono. Escrever CO2 sem que o algarismo 2 seja posto em índice (“subscript”) em relação às duas letras que o antecedem é erro grave. Ao abrigo das convenções científicas, este algarismo é um índice que indica a existência de dois átomos de oxigénio e é assim que se escreve, e não de outra forma qualquer. Como o PÚBLICO escreve, titula e até põe na primeira página, pode mais justamente ser lido como duas moléculas de monóxido de carbono (embora escrito de forma não canónica, pois um algarismo escrito à mesma altura das fórmulas químicas indica o número de moléculas e não o número de átomos de cada elemento que a constituem).
Percebo [que tecnicamente seja difícil escrevê-lo], mas imagino também que noutros jornais terão o mesmo problema. Tem de se ter atenção redobrada. No El País vejo sempre o dióxido de carbono bem notado. Cabe aos editores chamar a atenção dos gráficos de cada vez que se tem de escrever índices ou expoentes. Não vejo como é que isso possa não fazer parte das suas competências.
Embora o PÚBLICO não seja particularmente preocupado com a revisão do português - isso é notório -, imagino que ninguém no jornal ficará satisfeito por ver publicado um erro ortográfico. Para quê insistir em cometer um erro científico por falta de atenção à necessidade de seguir a finalização das páginas durante mais um bocado. Mais grave quando muitas vezes vem em chamada de primeira página ou em título.
Nuno Magalhães
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
O autêntico dióxido de carbono
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