O PÚBLICO de hoje [8 de Dezembro] tem o seguinte título de capa: "Défice da CP dava para pagar TGV até Elvas e nova ponte sobre o Tejo". Duas asneiras num só título. Em primeiro lugar não é de défice que estão a falar, mas sim de dívida, grosso modo, o conjunto de défices acumulados dos últimos anos. Em segundo lugar, a pretensão de pagar uma obra com dívidas já contraídas. Este sim, é um conceito extraordinário. Da próxima vez que comprar um carro, em vez de pagar em dinheiro, pago com a minha dívida ao banco. Não podia haver melhor negócio. Não só não pago nada como ainda vejo a minha dívida ao banco diminuída no valor do preço do automóvel. O ministro das Finanças deve contratar imediatamente o génio financeiro que inventou este novo conceito. Na verdade, o texto da notícia [pág. 20] diz: "O défice da CP, a transportadora ferroviária pública de Portugal, é actualmente de 3,1 mil milhões de euros, verba equivalente à que vai custar a linha de TGV entre Lisboa e Elvas, com a terceira travessia do Tejo incluída." Ou seja, ainda tem a primeira asneira, mas não a segunda, que tem certamente a mão do editor que, em vez filtrar o texto do jornalista, o "tabloidiza".
Pedro Braz Teixeira
NOTA DO PROVEDOR: Conceda-se indulgência ao editor cuja necessidade de elaborar um título sintético e apelativo nem sempre se compagina com o rigor absoluto. Mas não há de facto razão para se falar de défice em vez de dívida - ainda por cima o número de caracteres é o mesmo.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Manchete deficitária
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