Tomei conhecimento da grave ofensa à liberdade de imprensa perpetrada contra a escritora Maria Teresa Horta (ver última crónica do provedor).
Sei que "O Inimigo Público" é uma seção de HUMOR, e que até uma ministra já ali apareceu caracterizada como pirata, sei que o humor às vezes não poupa ninguém. Mas acho grave atribuir a alguém palavras que não disse (entre aspas), sobretudo quando deste modo se induz o público leitor, através do deboche e do escárnio, a uma visão conservadora, neste caso de desprezo pela vida de lutas contra o machismo da escritora Maria Teresa Horta e de tantas feministas. Se hoje as mulheres já não estão sob as botas dos homens em Portugal, muito se deveria agradecer àquelas que, num passado não muito distante, não se curvaram numa sociedade então governada pelo machismo e pelo totalitarismo.
Sou escritor e professor de Literatura Portuguesa na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Acompanho muito de perto a literatura e a vida cultural portuguesa. Como divulgador da cultura portuguesa fora de Portugal, pelo amor que tenho por Portugal, não posso me calar diante de um acto que condeno. Lembro aqui o Garrett, diante da lei das rolhas: lavro o meu protesto, para que ao menos o meu nome não passe à posteridade com a mancha de covardia ou de conivência em semelhante atentado.
Prof. Dr. Sérgio Nazar David
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Novas do Brasil
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5 comentários:
A sobranceria e a intolerância continuam. Meus senhores, trata-se de um suplemento satírico! Que tem no seu cabeçalho a inscrição "Se não aconteceu, podia ter acontecido"!
Esta falsa polémica é de todo ilustrativa do actual contexto sócio-cultural do Brasil.
Ver alguns «intelectuais» brasileiros, que se calaram perante o gigantesco escândalo de corrupção protagonizado pelo governo de Lula da Silva, mostram agora uma grande «indignação» perante uma brincadeira de um jornal satírico.
São provavelmente os mesmos, que apoiaram as ameaças dos extremistas islâmicos aos cartunistas dinamarqueses e que no ano passado queimaram revistas nas ruas do Rio de Janeiro por discordarem do seu conteúdo editorial.
O mais patético de toda esta celeuma, é que a suposta visada, mostrou maior bom senso e nunca se manifestou. Até porque provavelmente deu umas boas gargalhadas com o que saiu no Inimigo Público...
Eis a razão por que deixei de comprar "O PÚBLICO" do MF e o seu suplemento "satírico"... Neste caso, não fora conhecermos o seu incrível responsável através do EIXO DO MAL da SIC, onde a criatura exibe alegremente o seu baixíssimo nível intelectual, podiamos pensar que seria MF o pai de toda essa criatividade...
Eu, muito pelo contrário, só compro o Público por causa do Inimigo Público. O jornal a sério há muito que deixou de me interessar mas o jornal das notícias falsas continua a ser um bom motivo para ter de levar com o resto que o acompanha à sexta.
Cito o colunista do DN Ferreira Fernandes (de memória) quando há pouco tempo disse que o Público era uma espécie de saco de plástico do Expresso: só servia para embrulhar a única coisa boa que lá vem dentro, o IP.
Também acho o esperma uma coisa séria portanto deviamos censurar a canção com este tema dos Monty Python para acabar de vez com esta bandalheira!
O humor devia cingir-se á Monica e ao Cebolinha como dizem os nossos primos brasileiros não vá algum notável perder o sentido do Ridendo Castigat Mores...
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