Fico contente, antes de mais, por saber que há alguém que pensa do mesmo modo que eu(ou que eu penso do mesmo modo que ele, pois sou mais novo). Há três meses, quando decidi pela primeira vez escrever para o vosso jornal, fi-lo por me sentir triste com o país que os meus 23 anos têm vindo a ver...
O dia de hoje foi como que uma lufada de ar fresco, dando-me ânimo para continuar a discordar construtivamente daquilo que não acho que seja correcto nem moral. Viver em democracia não é fácil. Este sistema, excluindo a anarquia (que até hoje, salvo erro, nunca se tentou aplicar), é aquele que face às suas lacunas mais confia no bom senso das pessoas e na boa formação de cada um, uma vez que é fácil explorar lacunas como as que eu mencionei e com que o vosso jornal tem o prazer de pactuar.
De qualquer modo, não posso deixar de comentar o que escreveu, desta vez com um estado de espírito mais calmo, mas ainda indignado. Antes de começar, obrigado também pela explicação legislativa sobre o assunto.
As suas perguntas no artigo são deliciosas: "Verifica o PÚBLICO (...) o estatuto laboral desta gente antes de aceitar anúncios? E se por acaso algum deles não será imigrante ilegal? E se os classificados não são colocados por redes de prostituição?(...)". A questão é que realmente, se verificassem, por um lado tinham menos anúncios, por outro podiam ter investigações jornalisticas impossíveis de resolver, tipo caso Maddie...
O segundo ponto que merece destaque é a citação de José Manuel Fernandes (JMF). Mais uma vez a opinião dele me deixa feliz por um lado, triste por outro. Fico triste
por ele se desculpar dizendo que é uma questão de negócio [NOTA: a expressão é do provedor, não do director do PÚBLICO]. E o PÚBLICO não tem assim tantos?
Gostava de falar pessoalmente com JMF para lhe perguntar se um ladrão que rouba uma televisão não é igual a um que rouba uma televisão e por acaso vai até à cozinha da casa e leva também o microondas: "Nem sequer o PÚBLICO é 'especialista' no ramo, pois tem muito poucos desses anúncios comparando com outros jornais...."
O problema de JMF é mais grave: é a "síndrome da ovelha que segue o rebanho" (SOSR), típica em Portugal porque é o caminho mais fácil. Limita-se a seguir o que os outros fazem, fazendo uma "merda" mais pequena (assim, até se for católico parece que peca menos).
Relativamente ao carácter do gosto, que por isso não deve ser eliminado, eu também aturei quando ia para a escola os anúncios na rádio das sapatarias Charles, por exemplo. Cada matéria tem de ser tratada com delicadeza. Se é a favor da prostituição, diga-o, tenha a coragem de falar nisso no seu jornal, veja se é legalizada. Mais: como não lhe desejo mal e desejo é uma alta taxa de natalidade para Portugal, deixo-lhe a ideia de, se isso acontecer, criar um jornal só com este tema e estes anúncios, género de ocasião, mas só sobre prostituição e as tendências... Vai ser um sucesso. Mas não obrigue a ver este lixo, fruto de uma democracia oprimida constantemente pelos lobbies e grupos de pressão.
Por fim, fico feliz por saber que se JMF tem emprego eu certamente também irei ter.
António Matias (leitor cuja carta deu origem à crónica do provedor)
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Sobre a última crónica do provedor
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