terça-feira, 25 de março de 2008

Um caso de reincidência

Detectei uma incorrecção grave na redacção de uma notícia do PÚBLICO de 25 de Janeiro. Na secção de desporto, pg. 34, no artigo intitulado "Adeptos querem ver os donos do Liverpool na rua, mas Hicks e Gillett não aceitam" (título longo de mais talvez, não?), escreve Jorge Miguel Matias, no 7º parágrafo, o seguinte: "A desconfiança em relação a Hicks e Gillett são, no entanto, recentes e não estiveram presentes quando (...)".

Basta! Quando será que os jornalistas aprendem que uma frase quando se inicia no singular termina no singular? Basta de começar no singular e terminar no plural ou vice versa! Basta! A redacção correcta seria: "A desconfiança em relação a Hicks e Gillett é recente. E a formulação correcta da restante frase deveria ser: (...) Ambos não estiveram presentes quando (...) etc"

Que notícia tão mal redigida, meu Deus! Só porque se rouba espaço ao texto para encaixar à força uma foto (tendência que se agravou de forma exponencial após a remodelação do jornal, com consequências nefastas na qualidade da elaboração das notícias), quer-se encafuar de modo forçado o que deveria caber em duas frases apenas numa. Ora, o resultado só podia ser catastrófico. E este flagelo gramatical não é exclusivo da imprensa escrita: nos media audiovisuais (TV, rádio), o problema é idêntico. Escreve-se muito mal (cada vez pior) nos media em geral, e na imprensa em particular.

Falo com a autoridade que me é concedida por ser leitor do PÚBLICO desde o nº 1 e de há muitos anos ler jornais (o Expresso desde o nº 1, o Diário de Lisboa, o República, etc.). Sei por isso avaliar estes erros e turbulências, e, no caso concreto do PÚBLICO, tenho o privilégio de o ler de ponta a ponta todos os dias, por estar desempregado e ter uma actividade 'liberal' (sou músico). Por isso, raramente me escapam estes atentados à nossa pobre língua.

José Oliveira

Exaustão! Exaustão! Exaustão! Não há outra palavra para designar a minha reacção quando deparo com este erro, que aliás não é exclusivo da imprensa escrita (ainda ontem ouvi num telejornal esta formulação errada). Mas basta! Basta! Estou farto! Quando será que os revisores acordam e corrigem devidamente estes erros infantis de jornalistas ignorantes? Resta acrescentar que, ao contrário do que sucedia com o provedor anterior, Rui Araújo, o actual provedor não tem publicado as cartas dos leitores (que seguramente receberá em quantidade abundante). Resulta daqui uma maior falta de ligação entre os leitores e o seu jornal. Não basta gastar páginas inteiras a discutir questões éticas e deontológicas. Convém dar voz aos leitores, pois sem eles o jornal não tinha razão de ser. Talvez com esta minha chamada de atenção o novo provedor acorde para esta situação, ou então é uma sua teimosia...

Mas vamos aos factos: acabei de ler no PÚBLICO de hoje (22 de Março), página 29, no artigo de Jorge Miguel Matias com o título "Ontem, quem levou a taça foi Carvalhal. Bento quer levá-la hoje", 5º parágrafo, 6ª linha, o seguinte: "(...) E reconheceu que, nos primeiros jogos, o prémio monetário que as vitórias representavam eram um estímulo importante, já que garantiam o pagamento dos salários."

Desculpe? Importa-se de repetir? Terei lido bem? O PRÉMIO ERAM? O PRÉMIO GARANTIAM? Jorge Miguel Matias é reincidente nestes erros, eu sei porque já o criticava no tempo do anterior provedor, mas a verdade é que não há maneira de J.M.M. aprender a escrever e formular correctamente as frases, ou então quem deveria rever o que ele escreve (os copy-desks) não desempenha a sua missão com o rigor mínimo exigível.

Mas desde quando, meu Deus, é que uma frase iniciada no singular tem o seu correspondente no plural? Se se escreve "o prémio" (singular), o que se deveria escrever a seguir seria "ERA" e não "ERAM", como é mais que óbvio. Menos, claro, para a pequena cabecinha de J.M.M., que insiste em escrever mal e dar estes erros sistematicamente.

Por isso basta!, basta! Se eu gasto (com sacrifício, pois estou desempregado) o meu dinheiro a comprar um jornal que se diz "de referência", tenho o direito de exigir que quem nele escreve o faça correctamente e com rigor. Infelizmente, não é isso que acontece em muitos casos.

Um dia serão casos a mais, e nessa altura o PÚBLICO perderá um leitor e este mundo ganhará mais uma criatura desencantada!

José Oliveira

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