Agradeceria que fosse chamada a atenção dos vossos jornalistas para o seguinte:
Títulos de uma notícia na edição de 26 Junho, no nosso jornal PÚBLICO: "Preço dos combustíveis - Dossier perde-se na Autoridade da Concorrência". Não é grave, mas nada justifica usar-se ainda o vocábulo "dossier" quando já está aportuguesado para "dossiê". Por exemplo, nesta mesma edição, é utilizado (e muito apropriadamente) o vocábulo "robô", que veio substituir "robot". Porquê esta dualidade de critério? Apenas me ocorre que as notícias tenham sido escritas por jornalistas diferentes, um que está atento às alterações linguísticas que foram introduzidas (há bastante tempo, não têm nada a ver com o novo acordo ortográfico) e outro nem por isso.
Geraldes Lino
"Um vendedor dorme perto das suas couves enquanto aguarda pela chegada de compradores num mercado em Taiyuan, na província chinesa de Shanxi... " [PÚBLICO, Novembro de 2008, dia indeterminado]. Não se aguarda "por" - espera-se "por" mas aguarda-se alguma coisa, sem preposição. Embora o erro seja cada vez mais corrente, continua a ser erro, e já bastam as televisões para o difundir...
Ana Luísa Faria
Na edição electrónica de 26 de Maio, está inclusa uma notícia com o seguinte título: "Quinze mil polícias ficam a aguardar pelo descongelamento dos escalões".
A autoria do artigo é de José Bento Amaro, que, eventualmente, não será o autor do título. De facto, é comum redactores, directores e outros responsáveis sublinharem esse aspecto quando há protestos a incidir sobre títulos. Não me parece que isso diminua em nada a gravidade dos erros: o leitor encara o jornal como um produto completo e raramente cura de saber se o erro é deste ou daquela; para ele, é do jornal.
O erro, neste caso, é evidentemente o "aguardar por". De facto, não se aguarda por uma coisa, um acontecimento ou uma pessoa, aguarda-se uma coisa, um acontecimento ou uma pessoa. É um erro muito comum, causado, julgo eu, pela semelhança com o verbo esperar que, esse sim, pede um "por" em alguns casos.
Igualmente habituais, nos jornais em geral e no PÚBLICO em particular, são casos semelhante como "alastrar-se" (por vezes a asneira é aumentada com um "por", como em "alastrar-se pelo País!..."), fórmula corrompida por "espalhar" ou, ainda, "aproximar-se a", letalmente "envenenado" pelo sinónimo "chegar".
São modas (como o inenarrável "o Chipre", que tem ganho o favor de escribas e locutores que, em breve, estarão a referir-se à Angola e ao Portugal, ou o igualmente apatetado "Costa de Caparica" (sei que neste caso ainda se discute...).
Mas, também, que esperar de jornais que publicam, sem corar de vergonha, artigos onde se escreve "numa base de geleia de rosas onde acentam umas doces laranjas", como faz Ana Machado noutra peça da mesma edição do PÚBLICO, intitulada "Hélio Loureiro diz que quem matou D. João VI foi... o cozinheiro".
Sei que os avanços tecnológicos remeteram o revisor, como instituição, para os armazéns de velharias. Mas não haverá forma de ajudar jornalistas para quem a escola não foi muito bem sucedida a não cometerem erros que são grosseiros (apesar de muitas vezes se achar que são "pequenos")?
Augusto Dias
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Cuidado com a língua
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